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Um povo corrupto gera dirigentes corruptos

  • Foto do escritor: Izequias Rafael Amade
    Izequias Rafael Amade
  • 17 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

A corrupção em Moçambique é um fenómeno que se verifica em quase todas as esferas sociais. Não é uma prática exclusivamente dos políticos.


Na verdade, as atitudes corruptas são, muitas vezes, produtos da sociedade. Quero com isto dizer, que, aprendemos a ser corruptos desde a nossa nascença com as coisas que se verificam na sociedade.


Formam-se dirigentes corruptos a partir do momento em que aprendemos a não devolver o troco de pão aos nossos pais.


Formam-se dirigentes corruptos a partir do momento em que ao informar o preço do mercado aos nossos pais, acrescentamos uma percentagem do preço real a fim de se aproveitar do acréscimo.


Esses pequenos actos da sociedade, primeiro, reflectem a falta de educação acerca das consequências desses pequenos esquemas. Segundo, criam um cidadão que só busca o bem pessoal e não sabe que o bem comum depende dos seus actos.


Os subornos nas escolas criam académicos incompetentes que depois ocupam cargos públicos. Como consequência, há má gestão que afecta o crescimento económico.


A questão de educação é o factor mais importante para o crescimento económico de uma nação. Para que um país cresça economicamente, é necessário dar muito foco na educação. Infelizmente no nosso Moçambique a situação é drástica. Tantos os professores quantos os alunos, são corruptos.


A questão de subornos nas escolas, que infelizmente é o prato do dia nas escolas moçambicanas, merece muita atenção pelo facto de significar que o aluno só quer passar de classe e não quer conhecimento. E significa que até os professores são pessoas incompetentes para formar pessoas capazes de construir uma sociedade melhor.


E também significa que, os professores e os alunos, não sabem qual é o valor da educação. Muitos apenas estudam para ter emprego, não estudam para obter conhecimento de modo a desenvolver um pensamento ou resolver problemas sociais.


Como consequência, quando ocupam cargos públicos, apenas exercem para a satisfação pessoal, pois não sabem que o bem comum depende das suas acções.


Até os professores são os primeiros que não sabem que o crescimento do país está em suas mãos. Pois são eles que às vezes criam condições ou esquemas para a satisfação pessoal, a partir do momento em que exigem que os alunos ofereçam dinheiro para passarem de classe. No caso das mulheres, os professores muitas vezes exigem sexo para passarem na sua disciplina.


O que retarda o crescimento económico são as pequenas coisas que começam desde os pequenos sectores até as grandes instituições.


O cidadão que não paga imposto, retarda o crescimento económico, pois reduz a receita fiscal.


O cidadão que trabalha na autoridade tributária e faz desvio de fundos, retarda o crescimento económico, pois rouba o dinheiro do povo reduzindo a receita fiscal.


O cidadão que não paga água/energia, retarda o crescimento económico, pois reduz a receita fiscal.


O fiscal que desvia o dinheiro que cobra nos mercados, retarda o crescimento económico ao reduzir a receita fiscal.


O resultado disso tudo e as demais acções que não pude mencionar, é o decrescimento do PIB que leva à depreciação da moeda, que, por sua vez, resulta no aumento dos preços do mercado e falta de dinheiro para construção de estradas, mercados, hospitais e mais outras infra-estruturas que poderiam impulsionar o crescimento da economia.


E é um facto inegável que os esquemas de corrupção, em Moçambique, verificam-se em quase todos os sectores e instituições públicas. Agora será que a falta de crescimento económico é necessária e exclusivamente por causa dos políticos? Não! Somos nós que temos que mudar a nossa maneira de pensar; saber que o crescimento do país depende dos pequenos gestos que fazemos e saber que as acções dos políticos reflectem aquilo somos.


Se somos corruptos, teremos governadores corruptos, porque um dirigente corrupto só é mantido no poder por pessoas corruptas ou ignorantes.




 
 
 

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